Em nome da profissão, história interessante de minha profissão!

A partir de hoje estarei contando algumas histórias que vivi na advocacia nesses quase 33 anos que está para completar e a coluna terá como nome a "história da minha advocacia" começando pela primeira.

Lembro que esta no final de meus estágio e uma pessoa que trabalhava nas Casas Bahia em São Miguel Paulista, foi preso por "depositário infiel", coisa que poucos advogados na verdade viveram isso em sua profissão, pois já há algum tempo não se prende ninguém por depositário infiel.

Mas essa pessoa tinha sido fiador de um imóvel na cidade de Araraquara-SP e tinha sido penhorado sua televisão e o mesmo mudou-se para São Paulo capital e aqui começou a trabalhar e um certo dia foi tirar identidade e tinha contra o mesmo um MANDADO DE PRISÃO, por depositário infiel.

Essa pessoa foi presa, pois na verdade não lhe foi dito que não poderia mudar de cidade sem pagar a dívida, ou se desfazer do bem, a família procurou um advogado que eu trabalhava no mesmo prédio que o mesmo, eu tinha um escritório de contabilidade, esse profissional pediu me chamou e disse ter pego a causa e me disse se eu iria até Araraquara-SP, para tentar pedir o Alvará de Soltura do mesmo, até  ai tudo bem, como sempre fui destemido resolvi ir até aquela cidade pedir o Alvará de Soltura daquela pessoa.

De posse da procuração em mãos fui para aquela cidade e lá chegando, procurei o Cartório Judicial e levantei o débito a família pagou, logo peticionei como se aquele advogado fosse e assinei pelo mesmo, juntei procuração e pedi ao Sr. escrivão que despachasse com o Meritissimo Juiz para que pudesse conseguir o Alvará de Soltura daquela pessoa.

Fui para sala da OAB/SP no prédio do Fórum de Araraquara-SP, deixei meu carro no Terminal Rodoviário Tiete, embarquei no ônibus da Viação Cometa e fui, ao chegar lá a Rodoviária ficava na entrada da cidade, encontrei com os familiares daquela pessoa no centro daquela cidade, e o Fórum ficava naquela época no outro extremo da cidade e lá chegando comecei meu trabalho.

Levantei o débito paguei a guia com o dinheiro que família daquela pessoa me passou, e depois fiz o pedido e pedi para uma Advogada muito simpática que pudesse analisar se meu trabalho estava correto, pois o Juiz iria despachar a mesma disse que estava muito bom e como já havia dito, pedi para o escrivão despachar para mim com o Juiz, pois despachar com Juiz é um ato exclusivo de advogado e na época era somente estagiário.

Logo sem seguida o Juiz despachou e deferiu a EXPEDIÇÃO DO ALVARÁ DE SOLTURA, em seguida o escrivão datilografou, assinou e mandou para o Juiz assinar, logo em seguida passou um "TELEX" (coisa rara nos dias de hoje) para o fórum cada Capital comunicando o fato.

Depois disso voltei para São Paulo, mas quando cheguei devido o horário já era tarde, e não tinha como cumprir o ALVARÁ DE SOLTURA, então no outro dia fui para o Palácio Mauá "FÓRUM MARIO GUIMARÃES", pois para quem advogou naquela época deve lembrar que tinha na Corregedoria Geral da Justiça Criminal, Oficiais de Justiça de plantão e lá chegando, foi reconhecido firma da assinatura do Juiz que assinou o Alvará, feito então um Alvará como a assinatura do Juiz da Comarca da Capital, e ai pedi para que um oficial de Justiça fosse comigo para cumprir o ALVARÁ DE SOLTURA.

Sai do Palácio Mauá que naquela época ficava no Viaduto Dona Paulina e fomos em direção ao 22º Distrito Policial, pois naquela época ainda não tinha CDP (Centro de Detenção Provisória) e ai começou que me mais me chamou a atenção e na verdade tinha que aguentar tudo pelo fato de querer ver o meu primeiro cliente libertado e não deixar meu serviço pela metade.

Nada tenho contra homossexuais,  pois é uma opção daquele que escolhe isso, mas o Oficial de Justiça era Homossexual e LEVEI O MESMO EM MEU CARRO (UM FUSQUINHA AZUL), começou a dizer que eu dirigia muito bem e que passava bem as marchas e fazer aqueles gestos que na verdade eu particularmente não tinha nenhuma afeição, tive que aguentar o abençoado até o 22º Distrito Policial em São Miguel Paulista e logo que ali chegou cumpriu no mandado, paguei para o mesmo, pois naquela época oferecíamos meios para o cumprimento do mandado.

Graças a Deus fiquei livre "daquele oficial", mas só Deus sabe o que passei naquele dia, pois não era tão comum como atualmente e não fazia o meu tipo, logo depois o cliente foi colocado em liberdade, mas na verdade quero dizer que tudo em nome da profissão e na verdade Estagiário sofre, mas agradeço a Deus que isso para mim serviu de experiência, pois naquela época já antes mesmo de ser advogado ter conseguido, um Alvará de Soltura para um cliente, para mim  era uma honra, pois o advogado deve encarar o seu trabalho do mais complexo ao mais simples com toda seriedade, quando hoje muitos nada sabem, fazer isso ficou marcado em minha vida e posso dizer que é o início de uma ou a primeira "história de minha advocacia" obrigado a todos.

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